terça-feira, 12 de junho de 2012

A ampliação das vagas para os cursos de Medicina das universidades públicas federais e a precarização da profissão médica


                                                                      Por Gabriel Felipe, da Anel Maranhão                                                                                             

Cursar 6 anos (geralmente) do Curso de Medicina das universidades públicas federais pode tornar-se um desafio ainda maior na vida de um jovem.
Recentemente o Ministério da Educação (MEC) anunciou a criação de 1.615 vagas nos cursos de Medicina do país priorizando as regiões do país onde o déficit de profissionais médicos é maior, como é o caso do Nordeste, Norte e Centro-Oeste. Para a Universidade Federal do Maranhão (UFMA) está sendo proposta a ampliação das vagas para o Campus do Bacanga (40) e abrir nos campi de Imperatriz e Pinheiro, 80 e 40 vagas, respectivamente.
O que isso implica na formação do profissional médico?


Os 5 anos do Reuni e a prova concreta da falta de investimento


Em 2007 o governo Lula anunciou a aprovação do Programa de Expansão e Reestruturação das Universidades Públicas Federais (Reuni) e com ele a abertura de mais vagas nas universidades, mais financiamentos para essa expansão e a dita “democratização” do acesso ao ensino superior. Depois de 5 anos podemos tirar várias conclusões da implementação desse projeto e dar razão ao conjunto dos estudantes que ocuparam por todo o país as reitorias das universidades brasileiras e que já apontavam que algo muito ruim viria afetar o ensino superior público.
O “canto da sereia” adentrou as portas das universidades e o programa do governo Lula foi aprovado passando por cima de tudo e de todos para implementar uma política que já havia sido engavetada no governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC) com a presença de guardas, policiais e de todas as maneiras truculentas utilizadas para reprimir os estudantes.
Hoje o problema é sentido na pele e percebemos que de maneira silenciosa o ensino, a pesquisa e a extensão estão sendo destruídos e com isso o reconhecimento da universidade como um espaço de construção do conhecimento e produção da ciência está cada vez mais distante. Os problemas que mais percebemos hoje nas universidades: falta de professores, aumento do quadro de professores substitutos, filas de restaurantes gigantescas, salas de aulas lotadas, falta de laboratórios e espaços para a realização de aulas práticas, transporte deficiente, falta de livros nas bibliotecas, falta de espaço físico, aumento da relação aluno-professor.
Em meio a todo esse cenário de caos por qual passa a universidade pública brasileira é que a situação agrava-se ainda mais. Hoje, professores de 51 universidades encontram-se em greve lutando contra a precarização da carreira docente e em defesa da universidade pública, gratuita e de qualidade.


O projeto do MEC e a situação do Curso de Medicina da UFMA    

    
A notícia dessa ampliação de vagas no Curso de Medicina da UFMA (160 novas vagas) não foi recebida com muito agrado por estudantes, professores, técnicos e pela comunidade acadêmica. Os estudantes de Medicina já sabem desde os primeiros períodos o sufoco das aulas práticas das disciplinas do ciclo básico e como é angustiante tentar entender algo que não consegue devido a falta de vários materiais e reagentes. Isso também é comum aos estudantes dos outros cursos da área da saúde que precisam utilizar o Centro de Ciências Biológicas e da Saúde.
Quando chega-se à clínica onde precisa-se fazer um acompanhamento dos pacientes ou até mesmo fazer todos os procedimentos necessários tem-se muitas dificuldades: muitos estudantes para participar das consultas com os pacientes (gerando em muitos casos constrangimentos), limitação estrutural e física, poucos dias presentes nos setores (endocrinologia, pediatria, dermatologia, etc), muitos estudantes ao redor do leito. Tudo isso já enfrenta-se hoje!
Os problemas do quadro docente dos departamentos do curso de Medicina e a situação da formação dos estudantes tende-se ao agravamento com essa expansão irresponsável revelando uma total falta de percepção sobre a formação do profissional médico.
Nós da Anel temos a opinião de que a história nos mostrou como o governo conduziu e conduzirá sua política educacional: com muito irresponsabilidade! Esse fato por qual passa a Medicina da UFMA e de todo o país não é isolado e nem deixa de ser continuação do Reuni. Queremos que o governo e a reitoria saibam que nós queremos que o problema da falta de médicos seja sanada e que mais pessoas possam ter acesso aos serviços de saúde. O que não vamos aceitar de maneira alguma é a formação dos profissionais da medicina em péssimas condições e que mais tarde os pacientes tenham quer arcar com as consequências. Exigimos que os recursos sejam destinados desde já e que sejam resolvidos todos os problemas que envolvem o curso, principalmente no que concerne ao Hospital Universitário que não atende mais a demanda dos estudantes e profissionais. Somente um financiamento real à educação brasileira sem cortes orçamentários anuais e aplicação de 10% do PIB pra Educação avançaremos na construção de um modelo educacional que atenda as demandas da sociedade.

Os estudantes de Medicina da UFMA podem contar com todo o nosso apoio para enfrentarmos e resolvermos juntos com muita mobilização mais um problema que envolve a saúde e à educação.

Expansão com 10% do PIB pra Educação!
Contra a precarização da formação do profissional médico!
Em defesa do ensino público gratuito e de qualidade!
Contra a implementação da EBSERH!

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Do Luto a Luta: Por que os Lírios não nascem da Lei?

Em maio de 68 a juventude francesa foi as ruas exigir um novo tipo de ensino, um novo mundo, contaminando todos com o sentimento de as mudanças eram possíveis e que elas seriam conquistadas com muita luta. No Brasil vivíamos um governo de ditadura militar e movimento estudantil foi vanguarda na luta contra os desmando dos generais, indo às ruas e enfrentando os militares por liberdade.
Foram os mesmo ventos daquele maio de 68 que se instalaram no ultimo mês de maio, nos corredores do curso de Direito da UFMA, pelo menos no que diz respeito à resistência e ao firme sentimento de que mudanças são possíveis. Usando como barricadas a organização estudantil e a poesia, o Coletivo Os Lírios Não Nascem da Lei, ousou subverter a ordem (im) posta, há anos, pelos generais que a mão de ferro comandavam o curso.
Os estudantes do curso de Direito foram as ruas do campus denunciar as irregularidades do curso que está imerso na improbidade administrativa,  na anti-democracia e no assédio moral aos que contestavam a condução do curso. O Coletivo ajudou a construir as Assembléias estudantis que deliberam pelo Dia de Luto do Curso de Direito UFMA, uma dia para lamentar as condições em que se encontrava o curso e exigir medidas da Reitoria e dos órgãos competentes (DPU, MPF, CGU) para apurarem as denúncias. Um luto que representou o ultimo minuto de silêncio dos estudantes do curso, que mostraram disposição para lutar por um novo curso de Direito.
Os Lirios, como são mais conhecidos no curso, nasceu numa época em que era preciso resistir. Sua trajetória é marcada pelas palavras reorganização e resistência. Era preciso organizar os estudantes a se contraporem aos problemas que ocorriam dentro e fora das salas de aula do curso: processos seletivos de professores irregulares, denúncias de racismo e discriminação dentro das turmas, perseguição a estudantes que se contrapunham aos ditames dos professores do curso, etc. E era preciso resistir a todas as formas que a Administração do Curso usava para calar e desmobilizar os estudantes e também a apatia da então gestão do Centro Acadêmico.
Assim, eles ousaram poesia, onde apenas havia silêncio. Eles ousaram lutar, onde apenas havia medo. Com claras propostas de um novo curso de Direito, que reivindica uma gestão baseada na transparência e na democracia, com a ampla participação estudantil; que reivindica também um novo ensino, para um novo direito, mais próximo dos movimentos sociais e dos trabalhadores e ousa reivindicar poesia, em meio aos frios códigos que carregam as leis, como alternativa a distância que muitas vezes o Direito têm da sociedade, do sentimento, do real, o Lírios se candidata as eleições da Diretoria do Centro Acadêmico I de Maio.
Os Lírios ousaram colorir os cinzentos corredores do curso de Direito da UFMA de verde, da cor da esperança! Por tudo isso, nós da ANEL-MA apoiamos o Coletivo os Lírios não Nascem da Lei com quem já estamos construindo as lutas dentro e fora da Universidade, como a luta em defesa da educação pública, gratuita e de qualidade, com investimento de 10% do PIB na Educação Pública, luta contra a burocratização e aparelhamento do DCE-UFMA pela reitoria e a oligarquia Sarney, na luta em defesa do transporte público e de qualidade, a luta em defesa das comunidades quilombolas tradicionais pela imediata demarcação de suas terras e efetivação de seus direitos.
É nesse solo fértil que estão sendo plantadas as sementes de luta que germinarão com cada vez mais estudantes juntos. Nos dias 11 e 12 de junho acontecerão as eleições do CAIM e este será mais um espaço de reafirmação do compromisso de luta. A ANEL reafirma seu apoio ao Os Lírios não nascem da Lei nessas eleições e também nas lutas vindouras, pois como dize do maio de 68: “Os que se deixaram levar pelo entusiasmo daquele ano sentiam que, enquanto o mundo morria, outro estava nascendo.”
O novo pede passagem!

sábado, 2 de junho de 2012

MOVA São Luis - Na luta por transporte público de qualidade!

Por Camila Castro
Executiva Estadual da ANEL


Nesta ultima quinta feira, dia 30 de maio, aconteceu o primeiro ato MOVA São Luis. Construído por jovens e estudantes da capital a partir da indignação com a precarização do transporte público e contra o monopólio das grandes empresas.
É preciso compreender que o transporte coletivo é um direito e um serviço público de caráter essencial que deveria garantir o acesso à saúde, lazer, trabalho, educação. Apesar disso os sistemas de transportes coletivos, por serem privatizados, estão longe de garantir a mobilidade urbana para a população. Como mais um direito transformado em mercadoria, o único interesse é o lucro. Dessa forma cobra-se tarifas cada vez mais exorbitantes por um transporte cada vez mais precarizado.
O monopólio das grandes empresas de transporte, por sua vez, tem sido fonte de muito dinheiro para os empresários que historicamente tem financiado campanhas eleitorais de políticos do estado. Diante desta lógica a população cada vez mais apertada nos ônibus com poucas linhas, poucos horários e os rodoviários com cada vez mais baixos salários, não podem confiar no próprio governo para solucionar os problemas pois a troca de favores deste com os empresários fala mais alto.
A qualidade do transporte em São Luis é inversamente proporcional ao valor da tarifa. Pagamos uma tarifa alta por um serviço que não atende a demanda da população, que obriga estudantes e trabalhadores a se submeterem a ônibus quebrados, velhos, que demoram muito tempo para passar e estão sempre cheios. Recentemente tivemos o direito a meia passagem cerceado por uma suposta deficiência no sistema de recarga de crédito estudantil e estes e outros fatos demonstram o total descaso do prefeito João Castelo do PSDB e das empresas de transportes da cidade.
Em 2010 quando houve o ultimo aumento da tarifa de transporte, foram prometidas muitas melhorias e renovação da frota. Ao longo destes últimos anos pudemos observar que nada mudou para a população e para os rodoviários. Por isso defendemos que já passou da hora de ir as ruas e lutar por um transporte público, gratuito e de qualidade com a valorização dos trabalhadores. Que os patrões paguem pelo aumento de seus funcionários, sem aumento da tarifa!
Nós da ANEL estamos construindo muitos atos em defesa do transporte este ano e construir o MOVA São Luis é parte desta luta. A exemplo do Rio de Janeiro em que o PASSE LIVRE para estudantes já é uma realidade conquistada a custas de grandes lutas da juventude e a exemplo do que aconteceu no mês de setembro em Teresina, onde mais de 20 mil jovens barraram o aumento da passagem a partir de muitas mobilizações, lutamos em São Luis com muita determinação e dizendo que não aceitaremos aumento, nem agora e nem depois das eleições depois de outubro.
Se para transformar, é preciso fazer a cidade parar... MOVA São Luis, nas ruas, na luta, de cartaz e bandeiras em punho, faremos o a voz ecoar até que todos ouçam. “Quem não pode com a formiga, não assanha o formigueiro!”


- Quebra no monopólio do transporte urbano
- Não ao aumento da passagem de ônibus
- Passe livre para todos os estudantes
- Modernização e aumento da frota de ônibus
- Criação do Conselho de Mobilidade Urbana
- Criação da empresa municipal de transporte
- Criação de ciclovias em locais estratégicos
- Melhoria no trânsito de São Luís