terça-feira, 24 de julho de 2012

64° SBPC em São Luís: Ciência e Educação para quem?



Por Giselly Gonçalves
Executiva estadual da ANEL


A 64° Reunião Brasileira para o Progresso da Ciência- SBPC,  ocorre este ano em nosso Estado, com o tema: “Ciência, Cultura e Saberes tradicionais para enfrentar a pobreza”. Diante deste tema e da conjuntura atual do Maranhão e do Brasil – vale destacar que o Brasil é 84° no ranking de desenvolvimento humano e o Maranhão o Estado mais miserável da nação - nos perguntamos para quem serve esta ciência e esta produção de saber? De fato a educação e a produção de saber tem como meta erradicar a pobreza?
Entedemos que não! A educação, bem como a produção de conhecimento científico sofrem com os impactos da mercadorização e  privatização, seguindo os ditames impostos pelo FMI e Banco Mundial para as nações periféricas, se distanciando cada vez mais da classe trabalahora e servindo para manutenção da ordem vigente.
 Não é a toa que não se tem nenhum debate sobre os rumos da Educação Pública, da Universidade e da Produção de conhecimento e para quem este se destina na programação oficial do evento.  Mesmo estando diante de uma greve da Educação pública – a maior e mais forte dos últimos dez anos, que já dura mais de dois meses, consequência de uma expansão sem qualidade proposta pelo REUNI 5 anos atrás.
O REUNI, este projeto que assola os muros da Universidade, tem como subproduto o inchaço das salas de aula, precarização do ensino, precarização do trabalho docente, filas gigantescas nos R.U’S, fragmentação no ensino, pesquisa e extensão, número de bolsas insuficiente para atender ao corpo discente, entre mais agravantes, é resultado de uma pequena expansão do ensino público superior proposta pelo governo, acompanhada de mudanças significativas no caráter das Universidades, buscando transformá-las em fábricas de mão-de-obra de baixa especialização para atender as novas demandas do mercado, ou seja , para este modelo de politica educacional, não importa a qualidade dos profissionais e sim a necessidade deste na lógica mercadológica.
Defendemos, portanto,  uma expansão com qualidade, que só será possivel com o investimento de 10% do PIB já para a educação pública e dizemos não ao PNE do governo que não passa de uma continuidade do REUNI!   Defendemos que a ciência produzida na academia seja voltada para fora dela, para as necessidades da classe trabalhadora!
Por isso que durante a SBPC estaremos trazendo debates que extrapolam os limites da universidade, para dialogarmos com o público presente no evento, incentivando a união entre o saber acadêmico e saber popular, para construirmos e defendermos uma universidade pública, gratuita e de qualidade e que não tenha sua função social voltada para o mercado e sim para a classe trabalhadora!
Estamos com uma tenda montada, em parceria com diversos movimentos sociais, trazendo importantissimos debates para o seio academico. Acompanhe a programação abaixo:


quinta-feira, 5 de julho de 2012

3J: Um dia de organização e luta dos estudante em defesa da educação



                                                                        Por Ana Raíssa Mendes,
                                                                        Executiva Estadual da Anel


     O 3-J, que ficou conhecido como o Dia Nacional de Mobilização dos Estudantes em Greve, foi uma atividade nacional organizada pelo Comando Nacional de Greve Estudantil como  o objetivo de  elucidar e fortalecer a exigência da negociação entre o ministro da educação , Aloísio Mercadante, e os professores e técnicos grevistas das instituições federais de ensino superior do Brasil, por meio de debates, protestos, assembleias estudantis, etc. Por  todo o país, os estudantes responderam ao chamado do Comando Nacional de Greve Estudantil e organizaram manifestações nas universidades, unificando a luta com os servidores e professores em greve.

     Na UFMA, a ANEL – MA e outros grupos fomentaram uma tarde de atividades, que contou com a presença de estudantes e professores da APRUMA e  se iniciou com a apresentação do filme "Greve da Meia Passagem" (que retrata a revolta da meia passagem em São Luís no ano de 1979). A intenção foi mostrar a força do setor estudantil em décadas passadas, que por meio de protestos nas ruas não se calaram diante de uma forte repressão do Estado, que suprimia o direito à meia passagem dos estudantes maranhenses.
     Em seguida, foi exibido um vídeo onde se mostrou  o posicionamento do DCE UFMA frente à greve dos professores, a entidade se mostrou “favorável” a greve e defendeu a não suspensão do calendário de atividades da UFMA, e exaltou que houveram avanços na universidade devido ao Reuni.   Demonstrou estar falando em nome dos estudantes da UFMA. Porém, não houve consulta nenhuma com nós estudantes (por meio de assembleia ou qualquer outro espaço), em momento algum nós fomos ouvidos pra podermos expressar nossas opiniões em relação à greve da educação e ao projeto Reuni. Os estudantes presentes no auditório ao término da exibição do vídeo  demonstraram indignação diante da atitude do DCE, tornando a reafirmar que esta entidade não nos representa.

     Sigamos na luta e exigência que Dilma e Mercadante negociem com os grevistas e respeitem à educação do país!

domingo, 1 de julho de 2012

A não suspensão do calendário acadêmico da UFMA e o papel do DCE!


Por Giselly Gonçalves
Executiva Estadual da Anel

Na última quinta-feira (28/06) tivemos a realização do Conselho de Ensino Pesquisa e Extensão da UFMA (CONSEPE). Dentre as pautas a serem discutidas estava a suspensão do calendário acadêmico da universidade devido ao processo da greve nacional da educação superior que segue em curso.
Depois de apresentada a proposta a ser discutida por representantes do sindicato dos professores entrou em discussão pelos membros do Conselho e outros pessoas com direito a fala. Para início de conversa a maioria dos conselheiros votaram pela não suspensão do calendário acadêmico e os dois semestres de 2012 seguem “normal”.

O nefasto papel que cumpre o DCE da UFMA na greve

No dia 11 de junho o DCE da UFMA lançou uma nota de apoio à greve dos professores da universidade onde falam “Compreendemos que a educação pública deve ser valorizada e todos os atores do processo, igualmente. É possível observar o crescimento das Universidades brasileiras, porém essa expansão tem trazido ônus para a educação e é por isso que temos hoje salas de aulas lotadas, sem estruturas e professores sem condições de exercer sua profissão”. O ensaio do retorno à luta da maior entidade dos estudantes do Maranhão que tem em torno de 30 mil estudantes em sua base parecia ser um bom sinal para o processo de mobilização em torno da greve. Mas logo percebemos que nada de concreto viria adiante.
Na reunião do CONSEPE Diego Sâmide (atual Coordenador Geral e estudante do Campus de Imperatriz) e Lilian Brito (também Coordenadora da entidade e estudante de Turismo do Campus São Luís) foram defender abertamente seus interesses e “apoiar” a greve.
Sabe-se que “das palavras aos atos” existe um distanciamento muito grande, a independência política é uma delas! Lançar uma nota de apoio é muito fácil, construir na base dos estudantes espaços grevistas é difícil. É isso que a gestão “Da unidade vai nascer a novidade” não vai fazer porque está do lado da reitoria, do lado de Mercadante e Dilma que não negocia com os professores e desmonta a educação nacionalmente.
Falaram em nome dos estudantes da UFMA dizendo que “essa é a opinião da maioria dos estudantes da universidade e estavam ali para cumprirem seu papel”. Os estudantes se perguntam até hoje qual Assembleia Geral foi chamada para discutir uma posição dos estudantes da UFMA frente à greve?! Que espaços a entidade proporcionou para acumularmos uma decisão ou opiniões sobre uma greve que cresce a cada dia nas universidades brasileiras?!!
Não sabemos! Mas falaram em nome de todos os estudantes da UFMA.
Agora, precisarão arcar com as consequências que já se acumulam durante todos esses anos que passaram na entidade. Precisarão dizer aos estudantes que ficarão prejudicados caso sua situação não seja entendida por quem não aderiu à greve. Precisarão resolver diversos problemas e consequências do seu ato de não apoiar a suspensão do calendário, como por exemplo, como o segundo semestre vai iniciar em agosto se o primeiro ainda não terminou??!!
Muitas perguntas e uma só resposta: não explicarão, pois não estão do lado dos estudantes! O DCE da UFMA perdeu sua autonomia política e financeira quando defendeu a implementação do Reuni nas universidades, a construção do restaurante privado, a situação precária das residências universitárias no centro e a casa do campus nunca concluída. Hoje pagamos e arcamos com o ônus, o qual descrevem perfeitamente, só esqueceram de colocar mais “algumas cerejas” num bolo onde as migalhas ficou pra universidade e os grandes pedaços para a reitoria e para os que hoje se beneficiam nos mais diversos cantos.

UNE e DCE da UFMA do lado do governo!

As atitudes dos membros do DCE refletem a política da entidade que defendem nacionalmente, apesar de não falar em nome dos estudantes da UFMA há muito tempo. A União Nacional dos Estudantes (UNE) no dia 26 de junho realizou um ato nada representativo frente ao processo de greve das federais e em uma reunião com o Ministro da Educação, Aluísio Mercadante, aprovaram a implementação de 10% do PIB para educação somente para 2020 junto com o Plano Nacional de Educação (PNE).
Não devemos acreditar em mais esse acordo de gabinete da UNE com o governo. Não devemos considerar esse fato uma conquista. Primeiro, se as universidades e institutos federais estão em greve é porque precisam de investimentos reais que o Reuni não trouxe, então precisariam de investimento o quanto antes e não para daqui a 10 anos. Segundo, a UNE não fala e não negocia em nome dos estudantes grevistas, desrespeita os fóruns legítimos do movimento estudantil nacional. Quem fala em nome dos estudantes é o Comando Nacional de Greve Estudantil (CNGE) que definiu em uma reunião muito vitoriosa no dia 18 de junho na Universidade Federal do Rio de Janeiro.
O DCE/UFMA esteve presente em Brasília e tem legitimado esta entidade em todas as suas atividades. Eles escolheram o lado do governo e de longe expressaram a luta em curso no país em defesa da educação pública. 
A UNE é coautora do projeto do Reuni e deve responder também por esse processo de desmonte, por qual passa a educação no país. Se hoje estamos em greve temos dois culpados: o governo que implementou o projeto de sucateamento e expandiu as universidades públicas federais sem o investimento necessário; e a UNE, que construiu e defendeu esse projeto e hoje apoia PNE do governo sem nenhuma discussão com os estudantes sobre o caráter desse plano e sem nenhuma representatividade, substituindo o Comando Nacional de Greve Estudantil que está funcionando em Brasília, desde a última semana.

Construir o Dia Nacional de Mobilização e Lutas: 3J!

O cenário da situação é bem claro! Os estudantes livres do Brasil têm dois caminhos para tratar da greve: está do lado da UNE e suas atividades esvaziadas que não representam as fortes lutas no país ou está do lado do Comando Nacional de Greve Estudantil que se fortalece a cada dia.
Depois de uma semana de ocupações nas universidades, o dia 3 de julho (3J) será o dia de atos, panfletagens, debates e atividades nacionais. Nós da Anel já começamos a construir junto com os setores em greve desta universidade esse dia para ser um grande dia na UFMA. Queremos que esse dia seja dos estudantes encherem a UFMA de cartazes e faixas sobre a greve e debater o que o Reuni trouxe pra universidade. Sendo assim, gostaríamos de convidar todos a construírem atividades para esse dia que expressem as lutas nacionais, mas que também expressem a posição de todos em relação à greve nacional que segue forte.
Mobilize-se, traga seu pincel, sua tinta, seu cartaz, sem tambor, sua lata, sua baqueta, seu apito e venha fortalecer a greve nacional das instituições de ensino superior e não se cale! Venha lutar por “Expansão com 10% do PIB pra Educação Pública Já!” Diga em todas cores “Não ao PNE do Governo!” Nem UNE nem DCE/UFMA falam em nome dos estudantes grevistas! Fortalecer o Comando Nacional de Greve Estudantil!

Saiba mais sobre a greve das instituições federais de ensino:
ANDES - Sindicato Nacional
Comando Nacional de Greve - Facebook
As raízes da greve
Site Nacional da Anel