Por Nelson Júnior
Executiva Estadual da Anel Maranhão
Estamos se aproximando do final do ano de 2011 e precisamos fazer uma retrospectiva de um ano que começou diferente e que provavelmente vai terminar numa situação diferente dos anos anteriores.
Em janeiro desse ano vimos uma Revolução acontecer no Mundo Árabe. Um processo que se fortaleceu com os trabalhadores e juventude tomando pra si a tarefa de derrubar uma ditadura que explorava o povo egípcio. Mubarak caiu e o povo egípcio teve toda solidariedade dos estudantes livre do Brasil. O processo passou pelo Norte da áfrica e logo tomou proporções mundiais. Bons ventos sopraram pelo mundo levando a rebeldia da juventude pela Europa, América Latina, EUA.
Dos indignados da Espanha à luta dos estudantes Chilenos contra o avançadíssimo processo de sucateamento e privatização da educação chilena, vimos milhares de trabalhadores no mundo aglutinarem-se em praças e avenidas reivindicando melhores condições, vimos estudantes se organizarem novamente em eleições para grêmios e DCE’s no Egito.
O que parecia distante e raro se tornou cotidiano!
Os ventos do Egito se espalharam pelo mundo e chegaram ao Brasil. Trabalhadores massacrados, salários mínimos sem condições reais de poder de compra, aumento dos deputados, corrupção, deficiência do Enem, educação precarizada, infra-estrutura insuficiente e falta de segurança em escolas e universidades também levaram muita gente às praças e ruas do país.
Os trabalhadores do Brasil não estão contentes com a situação a que se destina suas vidas. Percebemos isso em muitas mobilizações de várias categorias ao longo desse ano, que seguiram fortes, mas negligenciadas por um governo que não está a serviço nem dos trabalhadores desse país.
Nas mobilizações que seguiram fortes questionando a forma como os governos tratam, por exemplo a educação nesse país. O reflexo desse trato vem com a institucionalização da precariedade da educação através do PNE 2011-2020. O novo Plano Nacional de Educação do governo Dilma que está em tramitação no Congresso Nacional não irá solucionar os péssimos números da educação no Brasil. Dentre eles, está a alta taxa de analfabetismo no país que chega aos 14 milhões de brasileiros e brasileiras que não sabem ler e escrever. É um número muito alto! Se formos levar em conta o analfabetismo funcional esse número eleva-se para quase 25 milhões. Segundo o recente dado do IBGE, o número de crianças do Nordeste que estão dentro dessa imensidão de descaso é de cerca de 670 mil.
Um dado muito triste e que o governo Dilma parece não querer resolver mais uma vez. O PNE 2011-2020 visa destinar 7% do PIB para a educação apenas para daqui a dez anos, apenas para 2020, com proposta de revisar, caso seja necessário. Esse mesmo valor, já foi vetado em 2001 e mantido por Lula e sendo investido menos de 3% nos últimos anos.
O Brasil segue como a 7a economia do mundo e mantêm ainda seus bons índices de crescimento econômico. Como que o país com toda a riqueza que temos segue investindo menos em educação do que países mais pobres como alguns do continente africano, onde desigualdade e miséria é muito forte?
Uma pergunta que deveria se muito bem respondida frentes às greves e mobilizações por melhorias na educação de norte a sul do país.
Fortalecer o Plebiscito Popular por 10% do PIB pra Educação Pública Já!
Nós da Assembléia Nacional de Estudantes – Livre, desde o nosso último Congresso em Junho deste ano no Rio de Janeiro, seguimos com essa campanha fortalecendo ela em todos os espaços dos trabalhadores desse país.
Estamos na metade do plebiscito e percebemos que ele se fortalece com cada estudante e com cada trabalhador tomando pra si a tarefa de melhorar a educação nesse país. Assim como no Mundo Árabe, devemos ir para todos os espaços e defender com todas as forças mais investimentos na educação pública para que ela possa ser prioridade e assim consigamos nosso direito.
Sabemos de que lado está o governo Dilma e durante os 10 anos de vigência desse PNE ela priorizará o ensino pago em detrimento do público, ou seja, continuará do lado oposto à melhoria da educação nesse país. Nenhuma confiança no governo e em seus agentes deve ser depositada! As reitorias e a UNE seguem de braços dados com o governo reafirmando suas políticas em cada universidade. A luta por uma educação de qualidade nascerá dos braços da classe trabalhadora e da juventude brasileira.
Por uma educação de qualidade! Exigimos 10% do PIB pra Educação Pública Já!