Na
noite de sexta-feira (05.08), o jovem Kelvin, estudante de BCT (Bacharelado
Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia) da Universidade Federal do Maranhão,
foi brutalmente assassinado nas dependências do prédio de Ciências Humanas do
Campus Bacanga. Tal crime, com o nível de barbaridade, nunca havia acontecido
antes na Universidade, mas esse não é um caso de violência isolado. Em meio à insegurança
crescente no Campus, esse é mais um reflexo da ausência de uma política efetiva
de segurança dentro e fora da UFMA. Kelvin é mais uma vítima da negligencia da
reitoria e dos governos.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqRsNbZyJxBK-cqrWgVQfKEqAdpbyeBx89b0zrUOzTGT9gpc8IY9oOE7Xxqfc_YRP_PpUhfKt5msFYYXUV4eNQ4plWJrEnFWHO0fSVBLhhyphenhyphenGhE7hFsqJyO-KuHozMIpT9NwRSyojnnMRY/s320/f016bd_ce86d9666ee6482ba6740a4401fca82a.jpg)
A
“segurança” da Ufma é voltada essencialmente para a proteção do patrimônio e
não das pessoas. A quantidade de profissionais da segurança é insuficiente, no
entanto, o trato muda quando há qualquer movimentação e ação do movimento
estudantil, rapidamente “brotam” seguranças com o único intuito de intimidar e
reprimir.
Estamos
jogados à própria sorte. Em meio a todo esse caos, surgem e se fortalecem
propostas de entrada da PM no Campus. A Reitoria sem nenhum diálogo com a
comunidade acadêmica resolve assinar no dia de ontem (08.08), convênio
com a Secretaria de Estado de
Segurança Pública (SSP/MA), permitindo a atuação da Polícia Militar. Precisamos
compreender o que isto realmente representa; se a militarização da Cidade
Universitária resolve o problema da insegurança, qual o papel histórico que a
PM tem cumprindo? O que está por trás de uma medida como essa na conjuntura de
retrocessos e ataques que estamos vivendo no país? E quais as conseqüências
concretas de tal medida, sobretudo, para a juventude, para os setores oprimidos
e para os movimentos estudantis, sindicais, populares e sociais dentro da Ufma?
As
condições dadas à juventude hoje, junto com o alto índice de desemprego,
produzem uma quantidade enorme de jovens marginalizados, que por não terem outra
perspectiva, muitas vezes se envolvem na criminalidade. A violência é
alimentada pela desigualdade social e pela miséria. A guerra as drogas
aprofunda significativamente os assassinatos dos nossos jovens negros, sobretudo
os que vivem na periferia. E a Polícia Militar, que em nome da proteção, na verdade,
é uma das instituições que mais possui envolvidos no tráfico de drogas, e que mais
mata no país, gerando a guerra nas periferias da cidade. A violência policial
nesse sentido, é legitimada pelo racismo velado do Estado. A PM carrega os
resquícios da ditadura civil-militar, mantendo o caráter essencialmente
repressor para com os movimentos sociais, de assédio moral e sexual, de arbitrariedade
e um longo etc. A história da PM é uma história de autoritarismo, racismo e
repressão.
Nós entendemos que a Universidade precisa cumprir sua função social, mantendo uma relação com as comunidades ao redor do Campus e a população de modo geral e não criminalizando-as. Não é de hoje que reivindicamos essa discussão no Campus. Precisamos de um Projeto de Segurança para a Universidade; da ampliação do efetivo da segurança, através de concurso público e priorizando profissionais mulheres de acordo com a demanda; de um trabalho capacitado com estes profissionais; de iluminação em todos os espaços; e etc. Defendemos a criação de um conselho com representação discente, docente, administrativa, de terceirizados, e comunidade, que discuta, acompanhe, e decida sobre a política de segurança na Cidade Universitária. Para tudo isso, é necessário que haja profundos debates.
Hoje recebemos a noticia do “desvendamento” do
caso, desejamos e exigimos que até o fim das investigações tudo seja devidamente
esclarecido. Estamos irrestritamente solidários com a família e amigos de
Kelvin.
Queremos
também expressar nossa solidariedade com a Organização da atividade da
Juventude Porra Louca, que tem sofrido sucessivos ataques oportunistas e
agressivos nas redes sociais. Há uma tentativa clara de associar a violência
ocorrida com o evento, com o objetivo de desmoralizar politicamente e
criminalizar o movimento, que é também parte da esquerda combativa da Ufma.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhw41KXOfs7JjiBr9X7ByfXpKS1Ej0UdOT_6tho07DMgPceC2Nvje2EtR1tkuUR0Axb6nKlg0JWgl9GUosmHPvnMiKlX7J_WA0r-fNf-BY1JhbciuVBwlerKQ1jFpjbG30-PSP3QmOTrkU/s320/13882145_10209384378144931_3760020158032906392_n.jpg)
Não
compactuamos com nenhum tipo de violência. Queremos mais segurança para as(os)
estudantes, funcionárias(os), terceirizadas(os), pra comunidade, pras(os)
jovens negras(os), lgbt’s, que moram na REUFMA ou que precisam usar o
transporte coletivo pra ir para suas casas. Mas entendemos que a melhor forma
de pensar em uma alternativa democrática e concreta de segurança, sem nos
reduzirmos ao senso comum e às discussões superficiais, é construindo
coletivamente um amplo debate na Universidade, que envolva a juventude,
professores e moradores das comunidades no entorno da Ufma e a sociedade em
geral.
Por
isso, convidamos todas e todos pra construirmos o Debate “SEGURANÇA PÚBLICA E A
UFMA QUE QUEREMOS”.
NENHUMA
VIDA A MENOS!
KELVIN
PRESENTE!
Assinam:
Assembleia Nacional De Estudantes
Livre
C.A. do curso de Geografia da
Ufma/Bacanga. Gestão: ”Por Uma Nova Geografia”.
C.A. do curso de Musica da Ufma/Bacanga.
Gestão: “Composição”.
C.A. do curso de Serviço Social Ufma/ Bacanga. Gestão: “Na Trincheira E Na Poesia”.
C.A. do curso de Serviço Social Ufma/ Bacanga. Gestão: “Na Trincheira E Na Poesia”.
C.A. do curso de LCH/Sociologia
da Ufma/Bacabal. Gestão: ”Resistencia E Luta”.
C.A. do curso de Licenciatura em
Ciências Humanas da Ufma/Imperatriz. Gestão: “Maria Bonita”.
Coletivo Fridas
Programa de Assessoria Jurídica Universitária Popular - PAJUP
Programa de Assessoria Jurídica Universitária Popular - PAJUP
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