terça-feira, 4 de outubro de 2011

CARTA ABERTA AOS ESTUDANTES DA UFMA

Nesses últimos tempos o movimento estudantil tem se voltado pra discutir os rumos da educação brasileira. Hoje percebemos que as universidades brasileiras convivem com o total descaso do governo.
No início desse ano, o governo Dilma anunciou um corte de R$ 50 bilhões nas áreas sociais, sendo R$ 3,1 bi na educação. Ou seja, a universidade que se expande sem financiamento público não tem como garantir nenhuma qualidade, pois além de faltar recursos são realizados cortes significativos. Enquanto a educação no Brasil sofre um desmonte, vimos que as prioridades do governo Dilma em pouco mais de alguns meses foi aumentar o seu salário e o dos deputados em torno de 132% e 63%, respectivamente, além de priorizar o pagamento da dívida, destinar grande parte do orçamento para salvar os bancos, aumentar os juros e impostos e atacar o funcionalismo público do país.
Dentro deste cenário está a Universidade Federal do Maranhão. Está com dúvida?
Vejamos então... Temos um grande número de obras intermináveis e com muitas irregularidades: a fila do Restaurante Universitário está cada vez maior e mal conseguimos almoçar com tranqüilidade, os créditos de acesso ao restaurante não são vendidos no turno da noite, o "Campus" anda sempre lotado, a biblioteca não funciona em tempo devidamente, teto caindo na cabeça dos estudantes, falta de professores, destinação das obras da casa de estudante no campus para outras finalidades, falta acessibilidade aos deficientes físicos em quase toda a universidade, bem como outros inúmeros problemas infra-estruturais. A assistência estudantil na UFMA é quase nula e de longe o Núcleo de Assistências Estudantil (NAE) atende à demanda estudantil. Um exemplo claro é o total abandono do processo de intercâmbio dos estudantes africanos.
Enquanto tudo isso acontece vemos as prioridades da atual administração do reitor Natalino Salgado... é só olhar a sua volta! Construção de um muro que custou uma grana alta aos cofres da UFMA, restaurante privado em detrimento da ampliação do RU que atende a grande maioria da comunidade acadêmica e a construção de um pórtico que custou quase R$ 500 mil reais. O banner que informava o valor e os prazos simplesmente foi retirado de maneira bem categórica impedindo que os trabalhadores e estudantes da UFMA pudessem perceber nos números oficiais da reitoria que é “muita grana pra pouca obra”. E a nossa situação só tende a piorar a cada dia.

As lutas no Brasil e no Mundo
Nestas últimas semanas tivemos algumas mobilizações importantes nas maiores universidades do país, como na UFPR, UnB, UFF, UFAL, UERJ, UEM e UFRJ, onde a juventude destas universidades junto com os professores e técnicos estão na luta por uma educação de qualidade, por melhorias salariais e por uma assistência estudantil digna.
Também acompanhamos muitas mobilizações no nosso país vizinho, o Chile. Lá por exemplo, grande parte da educação é privatizada (cerca de 80% dos estudos é financiado dos bolsos dos pais dos estudantes), os créditos têm juros altíssimos e a conta final pode chegar até 13 milhões de pesos (cerca de R$ 4.420). Os estudantes estão mobilizados há pelo menos 3 meses em defesa da educação saindo às ruas e praças de Santiago e outras cidades em protestos que contam com o apoio cada vez maior de toda a população. Essa é uma realidade que não queremos na educação pública brasileira! A juventude durante o semestre passado protagonizou grandes lutas também no mundo Árabe, na Espanha e em Portugal contra ditaduras e planos de austeridade dos grandes governos.
 
E na UFMA, como estão acontecendo as lutas?
 
Bom, na UFMA, a entidade que deveria representar os estudantes, há muito tempo não nos representa! Pelo contrário, está do lado oposto ao nosso. Está do lado dos governos e da reitoria. É só perceber que desde 2008 o mesmo grupo que permanece no DCE da UFMA não tem mobilizado os estudantes, não tem realizado fóruns do Movimento Estudantil e só aparece no momento que é pra trazer benefícios ao reitor Natalino Salgado, como por exemplo, no período da eleição para reitor. Dessa forma, as lutas que tem ocorrido na UFMA, tem sido por fora desta entidade: como a abertura do lado esquerdo do RU, as lutas dos estudantes de Ciências Sociais em 2009, as lutas dos moradores das Residências Universitárias e a mobilização dos estudantes de Enfermagem por melhores estruturas. O DCE da UFMA hoje está calado e se vendeu! Eles foram a favor da construção do RU privado, da construção do pórtico, da expansão irresponsável e sem financiamento que temos hoje na UFMA. Ou seja, se a UFMA encontra-se precarizada e sucateada, as últimas gestões do DCE da UFMA (2008-2010/2010-2011) tem sustentado isso.
 
Estamos aqui pra dizer que não vamos nos calar e nem deixar de denunciar a subserviência que o DCE teve ao longo desses anos à reitoria. Também dizemos que a gestão já está irregular há alguns meses e nem por isso estão encaminhando o processo eleitoral para a entidade, continuando a engessá-la não deixando que nossa entidade lute por nossos direitos. Queremos dizer, que defendemos uma educação gratuita e de qualidade e por isso estamos de olhos abertos e não nos calaremos diante do ataque à educação pública.
 
Por isso, fazemos um chamado aos estudantes da UFMA a se somarem nesse processo em defesa da educação pública no país e por uma universidade de qualidade!

 Assinam esta carta:

ANEL – Assembléia nacional de Estudantes – Livre, Contraponto, Vamos à Luta, Coletivo a Saída é Pela Esquerda, Coletivo SIMbora ENECOS/MA, ENESSO R1, Najup - Negro Cosme, Coletivo Os Lírios não Nascem da Lei, RECC – Rede Estudantil Classista e Combativa, Centro Acadêmico de Enfermagem, Centro Acadêmico de Serviço Social, Centro Acadêmico de Economia, Thaciane Sodré e Gabriel Felipe – Medicina.

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