Pela quarta vez em duas semanas a
juventude foi ás ruas da capital São Luís, para denunciar o absurdo aumento nas
passagens de ônibus. Tanto o aumento das passagens, as péssimas condições do
transporte público, com ônibus cada vez mais lotados, quanto os baixos salários
de motoristas e cobradores são reflexos da privatização desse setor em todo o
país.
O ato desta terça-feira, assim
como os anteriores, contou com a presença de jovens e trabalhadores, em sua
grande maioria, estudantes secundaristas e universitários de várias escolas e
universidades.
A realização dos atos foi
impulsionada a partir da criação de uma frente de luta contra o aumento. Esta
frente de luta conta com a participação de movimentos estudantis e sociais e
com independentes. E a ANEL está, desde o início na construção desta frente,
porque entendemos que é necessário que nos organizemos de forma cada vez mais
massiva para derrubar esse aumento.
Como se trata de uma frente de
luta é normal que os movimentos que a constituem tenham princípios e políticas
de atuação diferentes. Nos, da ANEL estamos abertos a construir frentes de luta
com outros movimentos, porém, não podemos omitir para os estudantes a verdade
sobre o papel que alguns desses movimentos cumprem atualmente dentro do
movimento estudantil.
No ato de hoje, quando foi dado o
microfone para realização de uma fala a uma de nossas companheiras, muitos
integrantes de outros movimentos como UNE, UBES e UJS tentaram de todas as
formas impedir a conclusão da fala. E isso porque a fala fazia uma abordagem a
respeito da conivência entre os governos estadual e federal com as empresas de
transporte que culmina na precarização do serviço e no aumento da passagem,
além de fazer a denúncia direta da parceria entre UNE, UBES e governo.
Nem precisa ter boa memória para
lembrar que, a cerca de dois anos a meia-entrada - que é o direito que
estudantes tinham de pagar só metade de ingressos para cinemas, shows e teatros
- foi restrita, se antes pagávamos metade, hoje pagamos 60% do valor dos
ingressos. Essa restrição não surgiu do nada, ela foi fruto de negociações
entre o governo e a União Nacional de Estudantes. Ao invés de estar com os
estudantes nas ruas para impedir a restrição da meia entrada, a UNE estava no
gabinete do governo tomando cafezinho e zombando dos milhares de estudantes
filhos de trabalhadores que terão dificultado o acesso a espaços que só são
frequentados pelos filhos dos ricos.
Marchamos hoje com a UNE pela
redução da passagem, mas não podemos esquecer as traições que esta entidade vem
cometendo ao longo dos anos com os estudantes. Como pode em um momento está na
rua dizendo lutar pelos direitos estudantis e em outro momento estar em
gabinetes do governo e de reitorias, articulando ataque aos direitos dos
próprios estudantes? Faz sentido isso? A UNE que se decida, ou continua
frequentando gabinetes ou rompe de vez com o governo e venha construir de fato
as lutas dos estudantes.
No momento em que a companheira
da ANEL estava fazendo a fala, aos berros e gritos de forma totalmente descontrolada
integrantes da UNE e UBES foram
literalmente em cima para impedir a fala, inclusive desligando o microfone.
Atitudes como esta, vindo de UNE e UBES não surpreendem, mas não podemos deixar
de denunciar a atitude antidemocrática, covarde e pior que isso, machista com a
qual procederam em relação à companheira. Lutamos em todos os espaços contra
atitudes machistas, principalmente os casos que ocorrem dentro do movimento
estudantil, esta é uma de nossas principais bandeiras.
Fora esta atitude machista, o que
mais surpreendeu foi a reação dos estudantes a essa atitude. Os estudantes,
presenciando a situação se colocaram contra a atitude desses movimentos saindo
em defesa da companheira. Com frases como “Deixa ela falar!” e “Cadê a
liberdade de expressão?” os estudantes deram um exemplo de uma real
manifestação democrática.
Seguimos na luta contra o
aumento, até agora foram revogados 20 centavos do valor da passagem, mas
queremos mais, queremos passe livre estudantil, queremos um transporte gratuito
e de qualidade, com investimento público e a destinação de 2% do PIB para a estatização
do transporte.
Esse é só o início do despertar
da juventude! E esse movimento já é vitorioso, pois ele mostra o potencial que
a juventude tem de lutar por seus direitos, de abandonar os movimentos
traidores e construir novos sonhos. Hoje mais que nunca, afirmamos: amanhã vai
ser maior!
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