quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Paralisar para avançar: por um outro modelo de educação!



 Por Giselly Gonçalves
Executiva Estadual da ANEL

Os Institutos Federais de Ensino Superior (IFES) estão em greve há mais de três meses e sofrem com a intransigência do governo Dilma que não senta para negociar com a categoria e nem apresenta propostas que respondam as reivindicações dos grevistas, pelo contrário, a greve da educação é negligenciada e secundarizada pela presidente e por Aloisio Mercandante, o ministro da educação.
Nesses mais de 100 dias de greve duas propostas foram lançadas, entretanto nenhuma das duas respondiam as pautas dos grevistas, e o sindicato que fala em nome dos professores em greve, o ANDES, e  que representa mais de 70% da categoria docente não aceitou a proposta e encaminhou para a base que o momento era de radicalizar e ir as ruas, mostrando que a greve é forte, continua e é legítima!
Assim, várias manifestações e ocupações de reitoria foram feitas neste último mês em todo o Brasil. E na UFMA  não está sendo diferente!!
No último dia 24, diversos estudantes de vários cursos juntamente com professores e servidores federais em greve, marcharam pelas ruas de São Luís em defesa da educação,  da saúde pública e exigindo respeito com o  funcionalismo público, mostrando para a população que lutar é preciso! Demonstrando que as Universidades estão paradas e mais de 30 categorias  pararam porque o governo não prioriza e nem governa para os trabalhadores.
Com palavras de ordem, tais como “Estudantes na rua, Dilma a culpa é sua!”; “Para barrar a precarização, greve geral, greve geral na educação!”; “Negocia Dilma”, entre outras os estudantes expuseram mais uma vez sua indignação  e vontade de lutar por seus direitos!
A ANEL está junto nessa luta em defesa da educação pública, gratuita e de qualidade,  defendendo a Universidade e somando força com os trabalhadores por um outro modelo de educação que atenda as demandas da classe trabalhadora e não dos tubarões da privatização.
Por isso, chamamos a tod@s @s estudantes a somarem forças conosco e com @s professores e participar mais uma vez de uma atividade da greve que acontecerá hoje às 16 horas em frente à reitoria da UFMA, onde celebraremos o enterro simbólico da presidente Dilma e de Natalino Salgado e seus posicionamentos autoritários e inflexíveis em relação à negociação das pautas de reivindicação.
#NegociaJá!!


sábado, 4 de agosto de 2012

Por um mundo em que sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres.


Por Camila Castro
Executiva estadual da ANEL

No primeiro semestre deste ano as escadas do Centro de Ciências Humanas (CCH) foram objeto de uma intervenção muito criativa – seus degraus foram pintados com várias cores simbolizando um grande arco íris. E foi exatamente isso: em um dia estava tudo cinza e no outro surpreendentemente subíamos uma escada completamente colorida.
 Como era de se esperar muitos estudantes tiraram fotos e compartilharam nas redes sociais e como era de se esperar mais ainda, os LGBT’s* adoraram a intervenção. A verdade é que o arco-íris estava lá representando o que cada um quisesse que representasse. Não havia placas, assinaturas, descrição... nada. Era um arco-íris dando cor ao CCH que sempre recebeu as mais diversas intervenções em sua estrutura física.
Neste mês de agosto os estudantes da UFMA foram surpreendidos novamente. Destes, muitos por seus próprios olhos e outros pelas redes sociais: a escadaria do CCH foi pichada. Nos degraus coloridos foi escrita uma mensagem bíblica fazendo referência à aliança de Deus com os homens simbolizando o que seria o significado do arco-íris. Na legenda da autora da postagem no facebook dizia: “Arco Íris, simbolo da ALIANÇA DE DEUS com o homem... e não entre pessoas do mesmo sexo ! Abençoado seja a pessoa que teve coragem de escrever isso na escadaria da UFMA. TENHAMOS CORAGEM PARA PREGAR O EVANGELHO POR TODO O MUNDO não nos deixemos limitar e abalar com comentários (:”
Homofobia declarada. Além de revolta, acompanhamos muitas declarações de medo através do facebook. É preciso compreender que problema não se encontra em uma passagem bíblica ter sido escrita, mas na intencionalidade do feito. Com tantos muros brancos na ufma, a despeja se dá sobre o arco-íris que servia sim como símbolo da comunidade LGBT, mas podendo servir a todos os significados que se configuram a partir das próprias convicções das pessoas. Sem necessidade alguma de reafirmação de qualquer uma delas, a pichação incide sobre o trabalho difícil dos que se propuseram a pintar todos os degraus da escadaria e fortalece uma realidade que está colocada dentro e fora dos muros da universidade: intolerância à diversidade. A legenda e comentário da foto corroborando a mesma conclusão.
 Uma parte importante do processo de luta contra a homofobia é mostrar que ela existe. Para os LGBT’s a existência da homofobia não é novidade alguma, mas parte do cotidiano. No entanto as pessoas em geral tem dificuldade em identificar uma atitude homofóbica ou acham que homofobia se configura apenas quando há agressão física e morte, justamente porque no Brasil o ódio homofóbico mata centenas de pessoas por ano. Da mesma forma que é fácil ser contra o Bolsonaro, mas mais difícil perceber que muito se confunde liberdade de expressão com liberdade de opressão no nosso dia-a-dia.  
A ANEL nacionalmente encampa um sério combate ao machismo, racismo e homofobia. Não podemos admitir a reprodução destas ideologias opressoras dentro e fora da universidade que reforçam a inferiorização do outro a partir das diferenças, que são naturais e ricas! Temos acompanhado o total descaso dos governos com relação ao debate da diversidade sexual nas escolas e em relação a criminalização da homofobia. São governos comprometidos com os setores reacionários, conservadores e exploradores desta sociedade... E a pichação na escadaria do CCH é apenas ponta do iceberg da intolerância que conhecemos e vivenciamos nesta sociedade.
É preciso debater, construir espaços de reivindicação e intervenção cada vez mais frequentes. É preciso lutar sempre. É na luta que nos colocamos cada vez mais próximos dos objetivos que queremos alcançar. É preciso respeito e justamente por isso é preciso, cada vez mais, que pintemos escadas o máximo que pudermos. Pintemos a vida com o orgulho de sermos iguais na diferença, construindo no dia a dia “um mundo onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres”¹.
Abraço a tod@s.

*LGBT: Lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, transgêneros.
¹ Rosa Luxemburgo.