por Dayana Coelho.
O dia da visibilidade de
travestis e transexuais surgiu no dia 29 de janeiro de 2004 quando ativistas
transexuais participaram da primeira campanha oficial contra a transfobia. Desde
então esse dia tem marcado a agenda dos movimentos LGBTS pois, para além de um
dia para dar mais visibilidade a esse setor tão oprimido, é um dia também para
fortalecer as lutas contra a discriminação a LGBTs.
De longe travestis e transexuais,
juntamente com as mulheres lésbicas, são o principal alvo da homofobia. Isso
acontece principalmente por conta do machismo. Vivemos numa sociedade que
oprime as mulheres e as subjugam aos homens e aos ditames do seu Estado, onde
as mulheres estão relacionadas a atividades delicadas e de cuidado e os homens
a atividades fortes e de comando. Tudo que está fora dessa lógica é considerado
anormal a ponto de causar repulsa e violência.
Travestis e transexuais
transgridem os modelos pré-estabelecidos do que é ser homem e mulher e arriscam
ser o que são. Mas muitxs pagam caro por esse risco. A discriminação impede que
elxs tenham acesso a direitos básicos como educação, saúde e emprego, além de
encontrarem dificuldades até para se organizarem e lutarem por seus direitos,
pois muitas vezes são discriminados dentro do movimento estudantil e dos
movimentos sociais.
A educação é sempre um campo
delicado para travestis e transexuais. Elxs não aparecem nos livros de história
e não participam da construção de um conhecimento crítico que reflita e
respeite as diferenças. Hoje travestis e transexuais são quase que expulso
tacitamente das escolas pelo preconceito. Travestis são hostilizados por
colegas de classe, professores e diretores. Além disso, passam grande parte do
ano letivo sendo chamados pelos nomes que quase sempre abominam, pois lembram
de sua condição de incompatibilidade com o corpo e o mundo em que vivem.
O resultado de tanta
discriminação nos espaços de ensino é a condenação desse setor aos piores
empregos, que por exigirem menos qualificação, são os que pagam os piores
salários e mais exploram, como os telemarketing, atendimento em fast food, salões
de beleza, limpeza e serviços gerais. Por piores que sejam essas condições
esses TT’s ainda têm sorte, pois a maioria acaba mesmo tendo que se
submeter a prostituição para garantir seu sustento.
Muitas vezes o próprio movimento
estudantil discrimina travestis e transexuais, secundarizando suas pautas e
tratando sua condição como chacota e brincadeira. Nós da ANEL nos orgulhamos de
desde nossa fundação tratar como prioritária a pauta da luta contra as
opressões. Lutamos por uma educação pública, gratuita e de qualidade que, para nós,
só se concretizará juntamente com o fim das opressões tanto nas escolas e nas
universidades, como em toda a sociedade.
E para isso o primeiro passo é
dar visibilidade a esse setor resgatando, por exemplo, o papel fundamental que
travestis e transexuais tiveram na Revolta de Stonewall, onde foram figuras
centrais na organização dos LGBTs na luta por seus direitos; além do mais,
nessa mesma época, a união do movimento LGBT aos demais movimentos de setores
oprimidos (negros, mulheres, ativitas dos movimentos por paz e direitos civis,
etc) foi determinante para fortalecer o movimento contra opressões e para a conquista
dos primeiro direitos LGBTs; além disso, é necessário dar ênfase as pautas específicas
de travestis e transexuais: respeito ao que são, modificação do prenome e
utilização do mesmo em escolas, universidades, cursos, hospitais, etc,
garantia, pelo SUS, dos processos de transformação do corpo para adequa-los a sua identidade de gênero, políticas de
acesso a emprego, entre outras.
Diante disso, além da
visibilidade a esse setor tão brutalmente oprimido, é preciso transgredir o modelo de educação e mobilizar
os estudantes junto com travestis e transexuais para lutar contra a transfobia
e, ainda mais, por uma sociedade livre de opressões, que respeite as diferenças
e trate humanos com a dignidade que merecem.
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