segunda-feira, 11 de junho de 2012

Do Luto a Luta: Por que os Lírios não nascem da Lei?

Em maio de 68 a juventude francesa foi as ruas exigir um novo tipo de ensino, um novo mundo, contaminando todos com o sentimento de as mudanças eram possíveis e que elas seriam conquistadas com muita luta. No Brasil vivíamos um governo de ditadura militar e movimento estudantil foi vanguarda na luta contra os desmando dos generais, indo às ruas e enfrentando os militares por liberdade.
Foram os mesmo ventos daquele maio de 68 que se instalaram no ultimo mês de maio, nos corredores do curso de Direito da UFMA, pelo menos no que diz respeito à resistência e ao firme sentimento de que mudanças são possíveis. Usando como barricadas a organização estudantil e a poesia, o Coletivo Os Lírios Não Nascem da Lei, ousou subverter a ordem (im) posta, há anos, pelos generais que a mão de ferro comandavam o curso.
Os estudantes do curso de Direito foram as ruas do campus denunciar as irregularidades do curso que está imerso na improbidade administrativa,  na anti-democracia e no assédio moral aos que contestavam a condução do curso. O Coletivo ajudou a construir as Assembléias estudantis que deliberam pelo Dia de Luto do Curso de Direito UFMA, uma dia para lamentar as condições em que se encontrava o curso e exigir medidas da Reitoria e dos órgãos competentes (DPU, MPF, CGU) para apurarem as denúncias. Um luto que representou o ultimo minuto de silêncio dos estudantes do curso, que mostraram disposição para lutar por um novo curso de Direito.
Os Lirios, como são mais conhecidos no curso, nasceu numa época em que era preciso resistir. Sua trajetória é marcada pelas palavras reorganização e resistência. Era preciso organizar os estudantes a se contraporem aos problemas que ocorriam dentro e fora das salas de aula do curso: processos seletivos de professores irregulares, denúncias de racismo e discriminação dentro das turmas, perseguição a estudantes que se contrapunham aos ditames dos professores do curso, etc. E era preciso resistir a todas as formas que a Administração do Curso usava para calar e desmobilizar os estudantes e também a apatia da então gestão do Centro Acadêmico.
Assim, eles ousaram poesia, onde apenas havia silêncio. Eles ousaram lutar, onde apenas havia medo. Com claras propostas de um novo curso de Direito, que reivindica uma gestão baseada na transparência e na democracia, com a ampla participação estudantil; que reivindica também um novo ensino, para um novo direito, mais próximo dos movimentos sociais e dos trabalhadores e ousa reivindicar poesia, em meio aos frios códigos que carregam as leis, como alternativa a distância que muitas vezes o Direito têm da sociedade, do sentimento, do real, o Lírios se candidata as eleições da Diretoria do Centro Acadêmico I de Maio.
Os Lírios ousaram colorir os cinzentos corredores do curso de Direito da UFMA de verde, da cor da esperança! Por tudo isso, nós da ANEL-MA apoiamos o Coletivo os Lírios não Nascem da Lei com quem já estamos construindo as lutas dentro e fora da Universidade, como a luta em defesa da educação pública, gratuita e de qualidade, com investimento de 10% do PIB na Educação Pública, luta contra a burocratização e aparelhamento do DCE-UFMA pela reitoria e a oligarquia Sarney, na luta em defesa do transporte público e de qualidade, a luta em defesa das comunidades quilombolas tradicionais pela imediata demarcação de suas terras e efetivação de seus direitos.
É nesse solo fértil que estão sendo plantadas as sementes de luta que germinarão com cada vez mais estudantes juntos. Nos dias 11 e 12 de junho acontecerão as eleições do CAIM e este será mais um espaço de reafirmação do compromisso de luta. A ANEL reafirma seu apoio ao Os Lírios não nascem da Lei nessas eleições e também nas lutas vindouras, pois como dize do maio de 68: “Os que se deixaram levar pelo entusiasmo daquele ano sentiam que, enquanto o mundo morria, outro estava nascendo.”
O novo pede passagem!

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