Por Gabriel Felipe, da Anel Maranhão
Cursar 6 anos
(geralmente) do Curso de Medicina das universidades públicas federais pode
tornar-se um desafio ainda maior na vida de um jovem.
Recentemente o
Ministério da Educação (MEC) anunciou a criação de 1.615 vagas nos cursos de
Medicina do país priorizando as regiões do país onde o déficit de profissionais
médicos é maior, como é o caso do Nordeste, Norte e Centro-Oeste. Para a
Universidade Federal do Maranhão (UFMA) está sendo proposta a ampliação das
vagas para o Campus do Bacanga (40) e abrir nos campi de Imperatriz e Pinheiro,
80 e 40 vagas, respectivamente.
O que isso
implica na formação do profissional médico?
Os 5 anos do Reuni e a prova concreta da falta de investimento
Em 2007 o governo
Lula anunciou a aprovação do Programa de Expansão e Reestruturação das
Universidades Públicas Federais (Reuni) e com ele a abertura de mais vagas nas
universidades, mais financiamentos para essa expansão e a dita “democratização”
do acesso ao ensino superior. Depois de 5 anos podemos tirar várias conclusões
da implementação desse projeto e dar razão ao conjunto dos estudantes que
ocuparam por todo o país as reitorias das universidades brasileiras e que já apontavam
que algo muito ruim viria afetar o ensino superior público.
O “canto da
sereia” adentrou as portas das universidades e o programa do governo Lula foi
aprovado passando por cima de tudo e de todos para implementar uma política que
já havia sido engavetada no governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC) com a
presença de guardas, policiais e de todas as maneiras truculentas utilizadas
para reprimir os estudantes.
Hoje o problema
é sentido na pele e percebemos que de maneira silenciosa o ensino, a pesquisa e
a extensão estão sendo destruídos e com isso o reconhecimento da universidade
como um espaço de construção do conhecimento e produção da ciência está cada
vez mais distante. Os problemas que mais percebemos hoje nas universidades:
falta de professores, aumento do quadro de professores substitutos, filas de
restaurantes gigantescas, salas de aulas lotadas, falta de laboratórios e
espaços para a realização de aulas práticas, transporte deficiente, falta de
livros nas bibliotecas, falta de espaço físico, aumento da relação
aluno-professor.
Em meio a todo
esse cenário de caos por qual passa a universidade pública brasileira é que a
situação agrava-se ainda mais. Hoje, professores de 51 universidades
encontram-se em greve lutando contra a precarização da carreira docente e em
defesa da universidade pública, gratuita e de qualidade.
O projeto do MEC e a situação do Curso de Medicina da UFMA
A notícia dessa
ampliação de vagas no Curso de Medicina da UFMA (160 novas vagas) não foi
recebida com muito agrado por estudantes, professores, técnicos e pela
comunidade acadêmica. Os estudantes de Medicina já sabem desde os primeiros períodos
o sufoco das aulas práticas das disciplinas do ciclo básico e como é
angustiante tentar entender algo que não consegue devido a falta de vários
materiais e reagentes. Isso também é comum aos estudantes dos outros cursos da
área da saúde que precisam utilizar o Centro de Ciências Biológicas e da Saúde.
Quando chega-se
à clínica onde precisa-se fazer um acompanhamento dos pacientes ou até mesmo
fazer todos os procedimentos necessários tem-se muitas dificuldades: muitos
estudantes para participar das consultas com os pacientes (gerando em muitos
casos constrangimentos), limitação estrutural e física, poucos dias presentes
nos setores (endocrinologia, pediatria, dermatologia, etc), muitos estudantes ao redor do leito. Tudo isso já
enfrenta-se hoje!
Os problemas do
quadro docente dos departamentos do curso de Medicina e a situação da formação
dos estudantes tende-se ao agravamento com essa expansão irresponsável
revelando uma total falta de percepção sobre a formação do profissional médico.
Nós da Anel
temos a opinião de que a história nos mostrou como o governo conduziu e
conduzirá sua política educacional: com muito irresponsabilidade! Esse fato por
qual passa a Medicina da UFMA e de todo o país não é isolado e nem deixa de ser
continuação do Reuni. Queremos que o governo e a reitoria saibam que nós
queremos que o problema da falta de médicos seja sanada e que mais pessoas
possam ter acesso aos serviços de saúde. O que não vamos aceitar de maneira
alguma é a formação dos profissionais da medicina em péssimas condições e que mais
tarde os pacientes tenham quer arcar com as consequências. Exigimos que os
recursos sejam destinados desde já e que sejam resolvidos todos os problemas
que envolvem o curso, principalmente no que concerne ao Hospital Universitário
que não atende mais a demanda dos estudantes e profissionais. Somente um
financiamento real à educação brasileira sem cortes orçamentários anuais e
aplicação de 10% do PIB pra Educação avançaremos na construção de um modelo
educacional que atenda as demandas da sociedade.
Os estudantes de Medicina da UFMA podem contar com todo o nosso apoio para enfrentarmos e resolvermos juntos com muita mobilização mais um problema que envolve a saúde e à educação.
Os estudantes de Medicina da UFMA podem contar com todo o nosso apoio para enfrentarmos e resolvermos juntos com muita mobilização mais um problema que envolve a saúde e à educação.
Expansão
com 10% do PIB pra Educação!
Contra
a precarização da formação do profissional médico!
Em
defesa do ensino público gratuito e de qualidade!
Contra
a implementação da EBSERH!
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