domingo, 2 de novembro de 2014

Atividade no Quilombo do Charco "Quatro anos da morte de Flaviano"

Por Inaiara Brito, da Executiva Estadual da ANEL


“Quilombo, Quilombo
  Não vive cansado
 É melhor morrer na luta
 Do que ser escravizado"




Neste dia 30 de outubro a ANEL (Assembleia Nacional de Estudantes – Livre) juntamente com entidades do Movimento Negro e Popular, como o Quilombo Urbano e Quilombo Raça e Classe, filiados a Central Sindical e Popular - CSP Conlutas participaram do ato organizado pelo MOQUIBOM (Movimento Quilombola do Maranhão) em memória aos quatro anos de assassinato do Quilombola Flaviano.
Flaviano, pai de família, lavrador pobre e negro do Quilombo do Charco que fica localizado próximo ao município de São João Batista, há 280 quilômetros da capital São Luís/Ma, foi covardemente assassinado a mando de dois fazendeiros da região, Manuel Gentil e Flávio Gomes. Quatro anos após sua morte mesmo com a justiça sabendo o nome dos assassinos, nada foi feito para puni-los.
O estado do Maranhão lidera o ranking de conflitos agrários no Brasil, com 251 casos de conflitos de terra envolvendo 64.394 pessoas, sendo que nos últimos 27 anos foram assassinados 132 camponeses, com nenhum mandante condenado.
Tantos conflitos no campo são resultado de anos de exploração de latifundiários. Estes detentores da terra, meios de produção e capital tem patrocinado o avanço do agronegócio e arrasado o direito a terra e a vida dos povos tradicionais que historicamente vivem nas terras maranhenses. Esses povos lutam todos os dias para ter o direito á terra e políticas públicas eficientes, contra todos os desmandos dos coronéis do agronegócio que a qualquer custo querem expulsar camponeses, quilombolas, indígenas, ribeirinhos, quebradeiras de cocos das terras que são suas por direito.

 O INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) realiza um trabalho insignificante, sem nenhum comprometimento nem responsabilidade nas titulações de terras quilombolas. Em 2012, o governo federal desapropriou apenas 12.800 hectares de terras no Maranhão para fins de Reforma Agrária, o que representa uma redução de quase 75% em relação ao ano anterior; titulou apenas um território quilombola e homologou somente sete terras indígenas em todo o Brasil.
O compromisso do governo tem sido com o agronegócio e com os latifundiários enquanto as lideranças das comunidades quilombolas são assassinadas e comunidades inteiras veem seu modo de vida e cultura soterradas pelo agronegócio. Os mandantes desses assassinatos ficam na maioria das vezes impunes.
O ato realizado neste dia 30 de outubro, em frente ao Fórum de São João Batista-MA, foi uma forma de denunciar todas essas atrocidades mostrando o quanto a justiça é falha e não está a serviço dos trabalhadores, mas sim dos senhores do agronegócio. O ato também foi uma forma de mostrar que não calarão e nem abafarão a luta quilombola. O companheiro Flaviano é um exemplo de luta pelo direito dos quilombolas. Sua morte não será em vão. Os quilombolas continuam na luta e ela só aumenta...

A ANEL apoia a luta dos quilombolas e por isso nos colocamos ombro a ombro com os companheiros do MOQUIBOM para denunciar as atrocidades promovidas por latifundiários contra o povo quilombola. Nossa luta é uma só!
Pela punição dos assassinos de Flaviano!
Pela titulação das terras quilombolas!
Território livre, já!

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